sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Audition (Odishon, 1999)


Diretor: Takashi Miike
Roteiro: Ryu Murakami, Daisuke Tengan
Elenco: Ryo Ishibashi, Eihi Shiina, Tetsu Sawaki, Jun Kunimura, Renji Ishibashi, Miyuki Matsuda

Pouquíssimos filmes me mexeram do jeito que esse me afetou. Já sei porque sempre evitei de ver esse filme, a violência e as cenas são fortes, e olha que eu sou fã de terror hein...
O filme é completamente dividido em duas partes, a primeira, mais longa, nos mostra o reencontro do amor de um sujeito que perdera sua esposa e acreditava que não iria amar mais, e a segunda parte, em que a real face dos personagens veem a tona.
O filme começa com a morte da esposa de Aoyama (Ryo Ishibashi), sete anos depois ele ainda é incapaz de se relacionar com outra mulher, seja por falta de tempo seja por falta de interesse, o seu filho o encoraja a encontrar alguém e seu parceiro de trabalho tem uma idéia de achar a mulher ideal para ele, como eles trabalham com cinema, eles promovem uma audição (teste para atores) feminina e dali ele tiraria a mulher ideal para ele.
Antes mesmo da audição, vendo o currículo de cada atriz, ele acaba se interessando por uma específica, fato que irá ser comprovado com o encontro dos dois na audição. O interesse é tão grande que ele acaba convidando ela para sair e começa o romance.
Asami (Eihi Shiina) parece ser a mulher perfeita, linda, obdiência nipônica e aparência frágil, tudo isso faz com que Aoyama se apaixone. Ele programa um romântico fim-de-semana com ela em um hotel onde ele irá pedi-la em casamento, tudo isso contra a vontade do amigo (ele pesquisou sobre a vida dela e achou coisas estranhas, mas como o amor é cego...). Tudo corria muito bem até que quando ele acorda no dia seguinte na cama do hotel ela não está ao seu lado. Ela sumiu.

Partimos para a segunda metade do filme, ele vai em busca sobre o paradeiro do seu amor e tudo vai ficando mais absurdo ainda, desde o velho pianista que a abusava na infância, até a vítima da bolsa (quem viu nunca mais vai esquecer essa cena). As histórias vão se entrelaçando e o passado de Asami deixou tantas sequelas nela que hoje ela é incapaz de acreditar em um homem e faz com que ele pague por todas as atrocidades às quais ela passou na infância.
As cenas realmente são fortes e impactantes, aqui o caminho foi aberto para os Jogos Mortais e Albergues da vida, é a base do gore, com direito a Asami de roupa masoquista e agulhas de acupuntura.
Não tem como comentar sobre as cenas, primeiro que seriam spoilers desnecessários, e segundo que ver é melhor que ler (em alguns casos, óbvio!).
O diretor, Takashi Miike, é considerado um dos diretores japoneses mais controversos e radicais de toda história, é dele outro fenômeno violento, Ichi the Killer.

domingo, 26 de setembro de 2010

Filme + Livro

Um Bonde Chamado Desejo (A Streetcar Named Desire, 1947)


Esta peça escrita por Tennessee Williams é certamente um dos maiores triunfos da literatura por diversos motivos. A história nos retrata a sociedade decadente, na pele de Blanche DuBois. Blanche é uma linda mulher, que vive e pensa como se estivesse nos gloriosos tempos de outrora onde a sua família era imponente e rica. Quando eles perdem a bela casa de campo, Belle Reve, ela é obrigada a trabalhar como professora, porém problemas relacionados a seus desejos fazem com que ela seja praticamente expulsa de sua cidade.
Não tendo para onde ir, ela é obrigada a passar um tempo na casa de ua querida irmã, Stella BuBois. Nesse momento que o confronto da burguesia com o mundo rude, do personagem de Stanley Kowalski, entra em cena. Ela, uma mulher refinada, e Stanley, marido de Stella, um homem rude, mal educado e completamente diferente dela.
De cara, logo na primeira página do livro temos essa noção, essa passagem nos mostra Stanley chegando em casa com um pedaço de carne diretamente do açougue. Ele chega em casa e joga a carne para sua mulher, em uma alusão aos homens da caverna que após a caçada levavam a carne para a mulher cozinhar.
Blanche, ao chegar em Nova Orleans, onde mora Stella, fica horrorizada. A casa é impressionante pequena, na verdade possui somente dois cômodos, a vizinhança é barulhenta, as pessoas não têm a refinada educação a qual ela estava acostumada e o "piano de blues" não para de tocar por nem um minuto.
O confronto entre os dois acontece logo, pois Stanley ao saber que sua esposa não possuia mais a casa de campo entra em choque com Blanche achando que ela era a culpada ou ainda pior, que ela tinha torrado toda a grana com seus perfumes, suas roupas e suas pérolas, coisas que Stella não tem.
Os personagens são: Stella DuBois, uma mulher refinada, a caracterização da decadente burguesia, uma mulher que não tem nem mais um tostão, mas vive como se tivesse, requintada em todas as suas ações e fica horrorizada com a vida que sua irmão está levando. Por trás de todo esse requinte, esconde-se uma mulher insaciável, uma viúva negra que faz de vítima todos os homens que ela encontra. Stella DuBois, a irmã, uma mulher acostumada a vida que leva, apaixonada pelo marido, e que fugiu muito cedo da vida de glamour de antigamente para ficar com Stanley. Stanley Kowalski, um polaco (como é chamado por Blanche), polonês, briguento, rude e viril.
Tennessee Williams chocou a sociedade ao publicar esse livro pois fica-se claro que as mulheres possuem desejos tão carnais quanto os homens. Em 1947 era um absurdo essa afirmação, afinal a mulher possuia um parceiro para ser dona de casa e tudo que o moralismo mandava, aí que Tennessee joga na cara da sociedade que não é assim o que realmente acontece, as mulheres possuem desejos e pior, podem ter mais de um parceiro.
O livro ganhou vários prêmios, inclusive o Pulitzer. No mesmo ano foi aclamado no teatro, com a direção de Elia Kazan e com a interpretação de um novato Marlon Brando, e em 1951 ganhou 4 Oscar com o que virou um dos maiores clássicos do cinema, também dirigido por Elia Kazan, também com Marlon Brando no elenco e com a magistral Vivien Leigh como Blanche.

Uma Rua Chamada Pecado (A Streetcar Named Desire, 1951)


Direção: Elia Kazan
Roteiro: Oscar Saul, baseado em peça de Tennessee Williams
Elenco: Vivien Leigh, Marlon Brando, Kim Hunter, Karl Malden

O filme é perfeitamente o livro filmado, a adaptação é muito fiel e todas as loucuras de Blanche, as ações muito bem descritas de sua personagem no livro são interpretados muito bem por Vivien Leigh (a eterna Scarlett O'Hara de ...E o vento levou).
Algumas passagens do livro foram suprimidas no livro, possivelmente para se adequar ao formato, infelizmente devido à censura algumas outras passagens foram cortadas, principalmente a homossexualidade do ex-marido de Blanche.
É impressionante ver todas as neuras de Blanche DuBois na tela, após o suicídio de seu marido, ela fica com uma "doença nos nervos", a deixando muito frágil. Stella faz de tudo para ajudar a sua irmã, porém Stanley começa a chegar no seu limite com todos comentários maldosos de Blanche em relação à ele, até que ele descobre que ela foi prostituta na cidade aonde ela foi expulsa. Ele inferniza a vida dela, a ponto dele violentá-la (não fica claro nem no livro nem no filme, Tennessee Williams preferiu que cada um observa-se de um jeito).


Na última cena, temos a triste visão da completa loucura de Blanche, e sua eminente ida ao sanatório, terminando com a célebre frase: "Nunca duvidei da benfeitoria de estranhos". O filme ganhou 4 Oscar, Melhor Atriz (Vivien Leigh), Melhor Atriz Coadjuvante (Kim Hunter), Melhor Ator Coadjuvante (Karl Malden) e Melhor Direção de Arte, 1 Globo de Ouro e Ganhou o Prêmio do Júri e o prêmio de Melhor Atriz (Vivien Leigh), no Festival de Veneza. Estranhamente o filme no Brasil ganhou um outro nome, deixando o bonde, personagem tão importante na história de lado no nome, mas isso não tira a importância do filme, de jeito nenhum. Um grande clássico do cinema e um dos melhores livros de um grande escritor que foi Tessessee Williams.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A Dança dos Vampiros (The Fearless Vampire Killers, 1967)


Direção: Roman Polanski
Roteiro: Gérard Brach e Roman Polanski
Elenco:Jack MacGowran , Roman Polanski , Alfie Bass , Jessie Robins , Sharon Tate

O filme se passa na Transilvânia, onde o professor Abronsius (Jack MacGowran, um dos personagens mais hilários que já vi), um tresloucado a procura de vampiros e seu medroso assistente, Alfred (o próprio Polanski, em uma ótima interpretação) chegam a um pequeno vilarejo congelado pela incessante neve que cai e se hospedam em um tipo de taberna, chegando lá descobrem algumas pistas que já dão a entender que pelas redondezas há os tais seres que eles tanto procuram! Logo de cara somos apresentados aos (poucos) personagens que farão parte da história, como Yoineh Shagal (Alfie Bass), o proprietário do local; Sarah (Sharon Tate, futura esposa do Polanski), filha de Yoineh e o Conde Von Krolock (Ferdy Maine). Alfred acaba se apaixonando por Sarah, até que ela é raptada pelo Conde que a leva para o seu castelo e é a partir disso que o filme entra em uma nova etapa, a caçada à Sarah, e o mais engraçado são as situações absurdas que eles se metem para procura-la no imenso castelo!
No filme há ainda os personagens totalmente caricatos, como o mordomo do castelo, um homem horroroso, corcunda, de andar estranho e Herbert, o filho do Conde, um vampiro homossexual, totalmente estereotipado que de toda lei tenta conquistar Alfred, uma das cenas mais engraçada é do próprio Alfred tentando fugir das investidas de Herbert, cena hilária!


A cada cena o filme se destaca e com muito bom humor, ora sarcástico, ironiza os filmes de vampiros habituais, tanto que em uma cena Yoineh quando é atacado por um um vampiro e vira um deles não se afugente de um cruxifixo por ser judeu!
Embora seja abertamente uma comédia e uma grande homenagem aos filmes de vampiros da época, principalmente os famosos filmes da produtora Hammer, o Dança dos Vampiros tem seus inspirados momentos de suspense.
Roman Polanski surpreendeu a todos, pois esse filme foi o primeiro nos Estados Unidos e se trata justamente de uma comédia, sendo que seu filme anterior foi o polêmico Repulsa ao Sexo. Outro adendo importante foi o fato do diretor se casar com a atriz principal, Sharon Tate, após o fim das filmagens. Obs.: impressioante como ela era bonita!
Ótimo filme de um dos melhores diretos existentes.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Brinquedo Assassino (Child's Play, 1988)


Direção: Tom Holland
Roteiro: Don Mancini, John Lafia e Tom Holland
Elenco: Catherine Hicks, Chris Sarandon, Alex Vincent, Brad Dourif, Dinah Manoff, Tommy Swerdlow, Jack Colvin, Neil Giuntoli, Juan Ramírez, Alan Wilder, Raymond Oliver.

Brinquedo Assassino é um filme muito querido para nós aqui do blog, desde pequenos a gente pedia para nossa mãe alugar, enquanto as crianças de nossa idade viam Os Trapalhões, Xuxa contra não sei quem e outros (obs.: filmes até muito dignos, mas nunca fizeram nossa cabeça...) a gente via Chucky, dentre outros filmes de terror.
Há um bom tempo que eu não revia esse, até que decidi comprovar meu amor por esse filme. Amor é uma coisa que dura, bonita de se ver...rs
A história todos conhecem: um assassino/estrangulador (Brad Dourif, o Língua de Cobra de O Senhor dos Anéis) está cercado pelo Detetive Mike Norris (Chris Sarandon) em uma loja de brinquedos, como ele sabe da sua iminente morte, passa seu espírito para um boneco Good Guy e acaba morrendo logo em seguida. Esse boneco amaldiçoado acaba parando nas mãos de Karen Barclay (Catherine Hicks), que fica toda feliz em satisfazer a vontade do filho, Andy Barclay (Alex Vincent), de ter um boneco Good Guy.
As coisas estão indo bem (na medidad do possível) até que Chucky descobre que só pode voltar a ser humano possuindo o corpo da primeira pessoa que ele olhou quando acordou na maldição, ou seja, Andy. Á patir daí o filme se foca na tentativa de Chucky passar seu espírito para Andy.


O filme é por vezes amador, até porque estamos falando de um trash da década de 80, a história é inovadora, as atuações são exageradas, as ações dos personagens são absurdas, isso tudo foi um ingrediente perfeito para a criação de um dos maiores mitos do cinema de terror. Com certeza, essa foto ai em cima tirou o sono de muita gente, tanto crianças quanto adultos.
O filme teve 4 continuações: Brinquedo Assassino 2 - tão bom quanto o primeiro, até mais bem produzido; Brinquedo Assassino 3 - bom também, mas um pouco inferior; A noiva de Chucky - comédia, literalmente, todo o lado de horror vira uma grande comédia pastelão e O filho de Chucky - horrível, deprimente, vergonhoso.
Fala-se em um possível remake para esse ano ou ano que vem, coisa já esperada, já que todos os filmes de terror antigos estão passando por isso. Que façam algo digno pelo menos, coisa que não vem acontecendo.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Fargo (Fargo, 1996)

Direção: Joel Coen e Ethan Coen
Roteiro: Joel Coen e Ethan Coen
Elenco: Frances McDormand, William H. Macy, Steve Busceme e Peter Stormare


Jerry (William H. Macy, sensacional) é um cara que se acha esperto demais, mas vive com problemas financeiros, trabalha na consecionária de carros do sogro e esta sempre a procura de conseguir uma bolada, até mesmo tenta um financiamento com o sogro para construir um estacionamento que segundo ele é um bom investimento. Até que ele acaba bolando um plano de sequestro para a própria esposa com dois outros bandidos, e o resgate seria pago pelo sogro, um homem muito rico, sendo que Jerry ficaria com a metade da grana e os bandidos com a outra metade. Estava tudo armado e ninguém sairia ferido, um plano simples, sem derramamento de sangue, mas sabendo que se trata de um filme dos irmãos Coen, nada sairá como planejado!

Entra em cena então a chefe de polícia Marge (Frances McDormand, em uma interpretação que lhe rendeu um Oscar e um premio no Independent Spirit Awards, ambos de melhor atriz), grávida, que tem uma vida das mais monótonas possíveis ao lado de seu marido, o único divertimento do casal parece ser comer, coisa que eles passam o filme quase inteiro fazendo! Ela passa a investigar o caso, já que os bandidos matam tres pessoas em sua cidade, a pequena Brainerd, no meio oeste americano. Marge acaba chegando a Jerry por intermédio de suas investigações, mas não se convence com a frieza com que ele diz não estar envolvido no caso.
Obviamente o plano da errado e o saldo final é de muitas mortes, algumas em cenas surpreendentes, algo como a dupla de diretores/roteiristas tratou em "Queime depois de ler" alguns anos depois, um plano a princípio simples e sem erros se torna algo impensável e absurdo. No decorrer do filme acabamos sentindo um certo apreço pelo personagem do William H. Macy, talvez pela cara inofensiva do ator, que aliás merece mais papéis de destaque em Hollywood.

O roteiro é genial e mostra com muita sinceridade, sem falsos moralismos, que o ser humano é capaz de tomar as atitudes mais absurdas do mundo para salvar a sua pele e se estiver em jogo uma grande quantidade de dinheiro a situação muda completamente. Não vi muitos filmes dos irmãos Coen, mas esse é sem dúvida o que mais gostei, uma combinação de suspense, humor negro e ácido, drama e ótimas atuações!
Com certeza um dos melhores filmes da década de 90!

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

A malvada (All about Eve, 1950)


Direção: Joseph L. Mankiewicz
Roteiro: Joseph L. Mankiewicz
Elenco: Bette Davis, Anne Baxter, George Sanders, Celeste Holm, Gary Merrill, Hugh Marlowe, Gregory Ratoff, Barbara Bates, Marilyn Monroe, Thelma Ritter.


All about Eve tem um dos piores títulos nacionais que se tem notícia, uma grande injustiça para um dos melhores filmes de que se tem notícia. Olhando o cartaz ao lado e sabendo da fama de má que Bette Davis possuia, se entende que a malvada do título seja ela, um grande equívoco de quem nunca viu essa pérola, a malvada aqui é justamente Eve (Anne Baxter).
Eve Harrington é uma garota pobre, fã número 1 de uma das maiores estrelas da Broadway, Margo Channing (Bette Davis). Ela acompanha a carreira de Margo de perto todos os dias, até que um dia ela é apresentada à seu ídolo por Karen Richards (Celeste Holm) e consegue encantar a todos com seu charme juvenil e sua triste história. Aos poucos ela vai ganhando a confiança de todos e consegue o emprego de assistente, uma espécie de faz-tudo, de Margo. Quando ela consegue finalmente estabelecer um laço de amizade e companheirismo com Margo, mais que depressa ela põe seu plano em prática, tomar o lugar dela nos teatros, para assim se tornar a maior atriz da época, nem que seja roubando seu marido e mentindo para todos.
Margo é um retrato de uma grande atriz, imponente, dona de sua carreira, fala o quer, bebe o que quer, chegando a magoar às vezes as pessoas. Eve é apresentada como uma indefesa jovem, que tem o simples sonho de conhecer sua estrela, aos poucos ela vai se mostrando uma mulher má, rancorosa, mas que nunca deixa de perder a cara de inocente.

Rodeando esse confronto temos Bill Sampson (Gary Merrill), namorado de Margo, Karen Richards (Celeste Holm), sua melhor amiga, Lloyd Richards (Hugh Marlowe), marido de Karen e roteirista das peças de teatro, Addison De Witt (George Sanders), um sórdido jornalista e Max Fabian (Gregory Ratoff), o produtor.
Eve consegue ser a substituta de Margo em uma peça de sucesso, e com a improvável ajuda de Karen (que logo depois se arrepende) atua em seu lugar em uma noite e é um grande sucesso, deixando Margo possessa e aumentando seu nível de histeria. Ao lado de Eve, fica somente Addison, ávido por uma matéria sensacionalista em sua coluna em um jornal e que aos poucos descobre seu real passado e o uso contra ela mesma. O filme começa com a noite de premiação Sarah Siddons de melhor atriz de teatro e por meio de narração em off o filme se desenvolve, culminado com a premiação de Eve como melhor atriz, no final do filme. Porém ela não tem do que festejar, pois acaba sozinha. As personagens são brilhantemente apresentadas ao público e o roteiro sem cair em pieguices e no lugar comum desfia cada característicadas personagens aos poucos, fazendo com que torçamos para uma ou para outra, sendo que não há lugar para a vilã e a boazinha, resta ao público fazer o seu julgamento.
Esse mesmo tema de relacionamento entre ídolo e fã foi brilhantemente homenageado no filme "Tudo sobre minha mão" (inspirado até no título All about Eve) em 2002 pelo espanhol Almodovar, sendo a personagem Huma Rojo (Marisa Paredes) inspirada na Margo Channings, inclusive repetindo algumas de suas falas.

O filme foi um dos mais indicados ao Oscar, juntamente com Titanic e Ben-Hur obteve 14 indicações e foi ganhador de 6 estatuetas. Ganhou ainda dois prêmios em Cannes, o de melhor atriz para Bette Davis e o prêmio do júri para o diretor Joseph L. Mankiewicz. Inclusive é lembrado como uma das primeiras produções em que Marilyn Monroe participou, tendo um pequeno papel.
Uma verdadeira obra-prima.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Zumbilândia (Zombieland, 2009)


Direção: Ruben Fleischer
Roteiro: Rhett Reese e Paul Wernick
Elenco: Woody Harrelson, Jesse Eisenberg, Emma Stone, Abigail Breslin.

Num futuro não muito distante, um vírus acidentalmente foi exposto, vírus variante do mal da vaca louca, que acabou dizimando toda a população do planeta e transformando-os em zumbis. Os poucos que sobraram têm que lutar para não serem comidos, literalmente. Até aí essa sinopse é a mesma de infinitos filmes de zumbis. O diferencial: esse é o trash mais engraçado, mais divertido e com mais dinheiro que todos os outros. É até um pecado colocar trash e dinheiro na mesma linha, mas eu não vejo outro objetivo para esse filme. Um ótimo trash.
O filme começa nos apresentando Columbus (Jesse Eisenberg), um nerd, virgem, que sua única "paixão" virou zumbi e tentou comê-lo. Para sobreviver ele criou algumas leis básicas, como: ter cuidado com o banheiro, se alongar antes de possíveis perigos, atirar sempre 2 vezes e etc. Em sua caminhada até Columbus, a cidade, ele conhece Tallahassee (Woody Harrelson, um uma interpretação inspiradíssima, lembrando até o personagem de Assassinos por Natureza), um sujeito que se considera o melhor matador de zumbis do mundo e fanático por doce. Os dois se completam, pois Columbus é a personificação do sujeito previnido, porém frouxo (como o próprio Tallahassee diz) e Tallahassee, destemido, porém maluco.
Os dois acabam conhecendo duas irmãs, Wichita (Emma Stone) e a caçula Little Rock (Abigail Breslin, impressionante como ela cresceu!). Aos poucos eles vão conhecer a verdadeira face das 2 garotas, trambiqueiras, ladras e que fazem de tudo para fugir, nem que seja roubando o carro e armas dos dois três vezes.


Os quatro conseguem se adequar e se entender, e partem em busca de seus destinos, nem que seja a casa do Bill Murray, em uma das cenas mais engraçadas que já ví na vida!
O final do filme se passa em um parque de diversão. As irmãs novamente roubam o carro dos dois e fogem em direção ao parque de diversão, destino inicial das duas. Columbus, por estar apaixonado por Wichita e Tallahassee saem em busca das duas. Nada mais clichê que um parque de diversão macabro, cheio de zumbis, mas é aí que o filme ganha, sendo recheado de clichês e a dismistificação dos mesmos.
Fiquei muito surpreso ao ver o filme, não achava que fosse encontrar algo tão divertido, as cenas de "terror" são ótimas, engraçadas, muito bem feitas e totalmente inspiradas em quadrinhos. É ótima ver que ainda existem diretores novatos que produzem coisas boas.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O outro lado da rua (2004)

Direção: Marcos Bernstein
Roteiro: Marcos Bernstein e Melanie Dimantas

Elenco: Fernanda Montenegro, Raul Cortez, Laura Cardoso, Luiz Carlos Persy



Uma senhora completamente entediada com a sua vida passa o dia vigiando o bairro onde mora, ela é um tipo de vigilante civil e sempre que ve algo que foge à lei não pensa duas vezes em intervir e ligar para a polícia, tanto que ela é conhecida pelos policiais pelo "serviço" prestado a comunidade e usa um codinome, Branca de Neve. Ela passa horas na janela com um binóculos olhando a rua, os vizinhos do prédio da frente, até que um dia ve algo que lhe chama atenção, uma senhora deitada numa cama e um homem preparando uma injeção que ele mesmo aplica na tal mulher, ela fica totalmente desconcertada com o que ve e liga para a polícia que vai até a casa do homem e descobre que a mulher esta morta, então, Regina decide investigar o caso pelas próprias mãos e o que descobre é muito mais que um simples caso de possível homicídio, ela descobre o amor, o que para ela é muito mais assustador que o próprio caso.
O filme nos mostra um romance entre duas pessoas bem mais velhas do que o cinema costuma retratar, mas não romantiza o fato de serem duas pessoas da terceira idade, muito pelo contrário, o casal é cheio de defeitos e contradições como qualquer outro ser humano, principalmente Regina, a personagem da maravilhosa Fernanda Montenegro, que no começo reluta um pouco contra seus sentimentos, mas acaba cedendo ao amor e se deixa levar por esse sentimento que já era tão distante de sua vida!



Há lindas cenas no filme como a da personagem em completa solidão dentro de sua casa e no meio da rua, derrepente uma rua cheia de gente e bastante movimentada como as ruas do bairro de Copacabana, onde o filme se passa, se transforma em um bairro vazio, quase que fantasma, sendo desse modo que Regina via sua vida, vazia, solitária e tudo isso muda a partir do momento em que ela conhece Camargo, interpretado pelo ótimo Raul Cortez, que faleceu no ano de 2006.

Há uma certa semelhança com o clássico "Janela Indiscreta" do Hitchcock, ambos os personagens, Jeff, interpretado pelo James Stewart e Regina interpretada pela Fernanda Montenegro são idosos e por isso a dificuldade das pessoas de acreditar em suas histórias, Jeff por sua vez esta entravado em uma cadeira de rodas por causa de uma perna quebrada e por falta do que fazer vasculha a vida de seus vizinhos do condomínio em que mora, já Regina não tem muitas ocupações em sua vida, apenas pegar o neto na escola e passear com a cachorrinha pela praia, o que faz com que ela passe bastante tempo ociosa, tempo que ela fica averiguando o que acontece na vizinhança com um binóculos.



É um filme intimista, quase silencioso, mas com um estilo diferente do que se costuma ver, há cenas onde apenas escutamos a voz da personagem e outras em que closes apenas captam as suas mãos, daí vem a delicadeza com que a história é retratada. Ainda somos presenteados com uma pequena participação de Laura Cardoso, uma das melhores atrizes do país, ao lado da própria Fernanda Montenegro que ganhou diversos prêmios com este filme, incluindo o Grande Premio Cinema Brasil
de melhor atriz e no Festival de Tribeca também ganhou o prêmio de melhor atriz!
Indico à todos!

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Moça com Brinco de Pérola (Girl with a Pearl Earring, 2003)


Direção: Peter Webber
Roteiro: Olivia Hetreed, baseado em livro de Tracy Chevalier
Elenco: Colin Firth, Scarlett Johansson, Tom Wilkinson, Cillian Murphy, Judy Parfitt, Essie Davis, Joanna Scanlan


O filme conta de modo fictício a história de um dos quadros mais famoso do pintor holandês Johannes Vermeer. O quadro, considerado a Monalisa de Vermeer, possui a mesma especulação que o famoso quadro de Da Vinci sobre a modelo que teria posado para o quadro, e é nessa modelo que foca a história do filme.
Griet (Scarlett Johansson), uma jovem holandesa de 17 anos, é obrigada pelos pais à trabalhar como empregada na casa da família do pintor Vermeer (Colin Firth). Aos poucos ela vai conhecendo a família: Maria Thins (Judy Parfitt), a sogra e administradora de todo o dinheiro da família, uma mulher mesquinha e que economiza até no remédio das netas, porém sabe que sem o genro pintor elas passariam fome, então ela faz de tudo para ajuda-lo; Catharina (Essie Davis), mulher de Vermeer, uma mulher insuportável, que trata os empregados como animais, rancorosa, ciumenta e infantil; as filhas do casal, uma mais peste que a outra e o pintor Vermeer, um homem muito talentoso mas que vive sob controle da sogra. Uma das funções de Griet é limpar e organizar o quarto que Vermeer usa para pintar, quarto o qual sua esposa e filhas tem até medo de entrar por ser um local "sagrado" por todos naquela casa. Aos poucos Vermeer começa a criar um laço maior com Griet, não um laço amoroso, ele a vê como uma pupila, tanto que ele ensina ela a misturar as cores que ele usa para pintar e até aceita a sua intromissão no que ele deve pintar, numa cena muito interessante em que ela retira uma cadeira do lugar para que ele retira-se da pintura, pois ela achou que a cadeira não estava bem localizada na pintura.
A sogra sempre promove jantares com o mecenas Van Ruijven (Tom Wilkinson) para discutirem sobre os futuros trabalhos de Vermeer. Em um desses jantares fica claro para todos o interesse de Vermeer em Griet, pois o mecenas agarra Griet na frente de todos e o pintor quase sai em defesa de sua pupila, a partir daí sua esposa começa a desconfiar do relacionamento do seu marido com a empregada. Tudo piora quando ele recebe a próxima encomenda do mecenas: um retrato da jovem Griet, tal trabalho tem que ser realizado escondido pois Catharina não pode saber que seu marido está fazendo um quadro da empregada, sendo que ele nunca fez um quadro sequer dela, de sua esposa.


Em meio às crise da família, Griet conhece o filho do acogueiro da feira, Pieter (Cillian Murphy), um rapaz decente e apaixonado por ela, aos poucos eles começam a namorar e ele faz de tudo para que ela abandone o emprego na casa da família que a trata muito mal (tirando Vermeer) para que eles se casem.
A história do brinco de pérola: Vermeer acaba de pintar o quadro de Griet como modelo, porém ele acha que está faltando alguma coisa, logo ele percebe que o toque final do quadro seria se Griet estivesse com um brinco, coisa que ela vai contra pois não tem a orelha furada e muito menos um brinco para colocar. Resultado, a própria sogra, sabendo da necessidade do dinheiro da venda do quadro, pega o brinco da filha, escondido, e entrega à Griet para que ela pose com o brinco para Vermeer. Quando Catharina descobre, graças à uma das suas filha fofoqueiras, ela se enfurece, quase destrõe o quadro e manda Griet para rua.
Agora ela terá tempo para Pieter.
O filme tem uma fotografia impressionante de tão bela, um simples passeio de Griet e Pieter à beira do rio é um deslumbre para os olhos. O ponto alto do filme é a trama do brinco de pérola, a cena dele furando a orelha dela e a fúria de Catharina quando vê o quadro valem o filme inteiro. É lindo também a comparação imposta pelo diretor do quadro pintado tendo a Scarlett como modelo e a cena final do filme com o quadro original do Vermeer.
O filme teve 3 indicações ao Oscar, 2 indicações ao Globo de Ouro e incríveis 10 indicações ao Bafta.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Angel-A (Angel-A, 2005)

Diretor: Luc Besson
Roteiro: Luc Besson
Elenco: Jamel Debbouze, Rie Rasmussen, Gilbert Melki Serge Riaboukine, Venus Boone


André, um cara baixinho, feio e totalmente sem sorte na vida, só se mete em furada pegando dinheiro com grandes chefões da máfia francesa e depois não tendo como pagar, por não achar uma solução para sua vida e nem como arranjar dinheiro para pagar aos caras ele decide pôr fim à sua vida, vai em uma ponte e lá decide que esse é o seu destino, mas algo lhe chama a atenção, uma loira, que também esta querendo pular da ponte. Ele decide então fazer com que ela mude de idéia, mas ela acaba se jogando e ele por instinto se joga no rio também para salva-lá, começa aí o fato que vai mudar a sua vida para sempre! Por agradecimento por ter salvo a sua vida, Angela, a loira salva, retribui o fato dando a sua vida nas mãos de André, daqui pra frente ele será o responsável por todos os atos dela, sendo digamos seu "chefe". Angela por outro lado se mostra uma mulher com uma força descomunal, o que faz com que André tire algumas vantagens desse dom da moça, indo a todos os caras ao qual ele devia grana e conseguindo ainda mais, tudo na força bruta da moça! Ela é uma máquina de conseguir grana, fato que deixa o pobre André desconfiado, até que ela revela à ele ser um anjo! No começo ele não acredita muito não, mas aos poucos ele vai acreditando nela e se apaixonando ainda mais. Angela tinha um grande plano para modificar a vida de André, ela foi enviada à terra justamente para ajuda-lo a encarar a vida com dignidade e verdade, mas mal sabia que o destino estava reservando algo muito maior à ela: um amor real e uma vida mortal!


Luc Besson sempre conseguiu contar histórias fantásticas, seja na ótima ficção "O quinto elemento", ou na sua adaptação da vida de Joana D'Arc em "Joana D'Arc de Luc Besson", nesse não poderia ser diferente, o toque fantástico aliado ao drama do personagem torna o filme uma deliciosa experiência, é impossível não se tocar pela tristeza de André, um cara "perdedor" como dizem, só mesmo um anjo de verdade para ajudá-lo e esse anjo toma forma no corpo de uma linda mulher, loira, alta, mais ou menos uns 1,80 m e sem pudor algum, um misto de uma ingenuidade indecente!
Uma grande história, com um pouco de lição de moral, mas com um certo charme, ainda mais com o belo visual de Paris ao fundo e uma fotografia em preto e branco!
Um ótimo filme premiado pela Sundance Film Festival em 2007.

domingo, 25 de julho de 2010

Predadores (Predators, 2010)

Diretor: Nimród Antal
Roteiro: Michael Finch, Alex Litvak, Jim Thomas (personagem) e John Thomas (personagem)
Elenco: Adrian Brody, Laurence Fishburne, Topher Grace, Alice Braga, Danny Trejo


Remakes em sua maioria não são filmes que podem ser considerados boas produções e quando um é
anunciado por Hollywood já da pra sentir aquele frio na espinha e um medo de destruirem aquele filme que a gente tanto gosta! O que falar de reivenção então? O que que dizer isso? Será que o original não era bom o suficiente e as mentes brilhantes de hoje em dia precisam melhora-la? Ou é apenas um meio de explorar algo que já é consolidado e por consequencia já tem um público definido, logo, talvez teria um boa bilheteria? Bom, isso tudo são questões que sempre rendem horas e horas de "senta que lá vem história" a lá Castelo Rá tim bum e ninguém nunca chega a um concenso!
Pois então, o filme de hoje não se trata nem de um remake e nem de uma reivenção, é apenas um exemplar de uma história que já não era das melhores! Quando esse filme foi anunciado muita gente deve ter gritado de felicidade, afinal, tratava-se de uma produção do Robert Rodriguez, fiel parceiro do Tarantino e no seu elenco tinha nomes como Adrian Brody, Laurence Fishburne, Alice Braga e como não podia faltar, Danny Trejo figurinha facil de se encontrar nos filmes do Rodriguez e do Tarantino, além do personagem ter participado de dois filmes deprimentes da série Aliens Vs. Predador!
A história é o seguinte, pessoas desconhecidas e sem ligação aparente começam a cair de para quedas, literalmente, em um local totalmente isolado, de começo eles tentam compreender o que está acontecendo e onde estão. Aos poucos os personagens vão sendo apresentados e suas características vão sendo reveladas, há o "bobo" do grupo que é um dos criminosos mais procurados pelo FBI, o cara durão e com instinto de líder, papel do Adrian Brody em uma das interpretações mais canalhas em séculos, Schwarzenegger deve ter se sentido representado, a moça sensata e forte, papel da brasileiríssima Alice Braga, entre outros que estão lá apenas para deixar o filme mais interessante com algumas mortes (em vão)! Tentando descobrir onde estão eles percebem que cairam em um outro planeta e que uma raça alieníguena estão à caça deles! Tudo isso óbvio quem vai concluindo é o personagegem super esperto do Adrian Brody, que deve ter malhado bastante pra fazer o papel do "fortão" no filme, apesar dele não ser tão forte assim...


Um a um vão sendo dizimados pelos Predadores, fazendo com que a história se limite a um jogo de gato e rato sem emoção alguma, os Predadores no lugar dos caçadores e os humanos no papel de presa, há ainda uma disputa entre duas raças diferentes de Predadores, uma tentando ser superior à outra, eu não lembro muito bem dos dois primeiros filmes, mas acho que tinha algo relacionado a isso, de um predador de uma raça diferente ajudar os humanos a deter outros de outra raça, se voces lembram me falam. Um dos poucos pontos altos do filme é o fato do ser humano se adaptar a qualquer situação no instinto de sobrevivencia, o que em algumas cenas se torna totalmente forçado, como o japonês da Máfia Yakuza, que esta no grupo, encontrar uma espada de seus antepassados samurais e enfrentar um Predador à espadada, cena no mínimo constrangedora! E por aí vai, as cenas de ação são péssimas, o que conta muito em um filme do genero, há até uma ligação com o primeiro filme, mas nada muito aprofundado e uma reviravolta tosca no final com um dos personagens! No saldo final quem sai perdendo mesmo é quem foi ao cinema, pagou caro e assistiu a um filme totalmente desnecessário!


Espero que a dupla Rodriguez-Tarantino se esforcem mais quando forem produzir/apresentar algum longa, Tarantino deu uma fora ao fazer o mesmo com "O Albegue" do Eli Roth, um filme que considero horrível. Mas to na espera de "Machete" do próprio Rodriguez, acho que por ser direção dele, ele deve acertar, já que gosto bastante de seus filmes, até mesmo "Pequenos Espiões" eu gosto, são boas aventuras para um público mais jovem, sem contar "Um drink no Inferno" que acho ótimo, mas isso fica para um outro post!
Fica então o registro de um filme que não chega a ser tão ruim, mas está muito longe de ser bom!

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Lunar (Moon, 2009)


Diretor: Duncan Jones
Roteiro: Nathan Parker, baseado em história de Duncan Jones
Elenco: Sam Rockwell, Kevin Spacey, Dominique McElligott, Adrienne Shaw, Kaya Scodelario

De vez em quando aparece um diretor que na sua estréia em longa-metragem mostra a que veio, como exemplo: Richard Kelly com Donnie Darko, Neill Blomkamp com Distrito 9 e agora Duncan Jones com Lunar. Se ele irá decepcionar em seus projetos futuros (vide Richard Kelly e seu Southland Tales) não se sabe, mas que ele fez um ótimo filme é verdade.
Sam Bell (Sam Rockwell) é um astronauta que está morando na Lua há quase três anos em uma base da Lunar Industries, empresa responsável pela maior fonte de energia no futuro da Terra. Sua função é coletar e enviar para a Terra o produto minerado na Lua em cápsulas, que vêm para nosso planeta em um pequeno jato. Seu contrato é de três anos e já está perto do fim, ele está ansioso pois deixou esposa e uma filha pequena na Terra, que mandam regularmente mensagens gravadas via satélite, ele está impossibiltado de se comunicar diretamente com as pessoas pois a antena que capta os vídeos ao vivo está quebrada.
O filme mostra seu dia a dia sozinho, somente com a companhia do robô Gerty (voz de Kevin Spacey), uma espécie de babá faz tudo, desde controlar sua alimentação até cortar seu cabelo.
Porém, como dizem, cabeça vazia é moradia para o capeta, ele começa a ficar alucinado e ter visões, uma dessas visões, uma pessoa em pleno solo lunar em quando ele faz a vistoria de um dos coletores do produto que é mandado para a Terra, o deixa muito atordoado e faz ele sofrer um acidente.


Logo em seguida ele acorda na enfermaria da base e ao sair da maca ele se depara com algo que irá mudar completamente o filme, ele se depara com ele mesmo, um clone. À partir daí é que o filme ganha mais e mais fôlego, pois eles descobrem que fazem parte de um projeto de clones que de três em três anos é substituído por um novo, sem assim nunca voltar para a Terra.
A história é surpreendente, o roteiro é genial e aos poucos as coisas vão se encaixando como em um quebra-cabeças. Acho que estamos diante de um futuro clássico.
Para os desavisados, não se trata de uma ficção científica estilo Michael Bay, não temos cenas de ação, muito pelo contrário. O filme é todo centrado no dia a dia monótono de um astronauta e depois no suspense quase filosófico dos clones.
O filme ganhou o prêmio de revelação no Bafta de 2009 e alguns outros prêmios em várias premiações mundo afora. E uma pequena observação: Duncan Jones é filho de David Bowie.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Lupin III, O Castelo de Cagliostro (Rupan Sansei: Kariosutoro no Shiro, 1979)


Diretor: Hayao Miyazaki
Roteiro: Hayao Miyazaki, Haruya Yamazaki
Vozes: Yamada Yasuo, Ishida Taro, Masuyama Eiko, Shimamoto Sumi


Confesso que não sou muito fã de animes, acho que pela simples falta de costume de assitir, pois é muito mais fácil se achar desenhos ocidentais que orientais, é uma pena, pois a cada anime que assisto, vejo que são filmes riquíssimos e muito interessantes. Então contrariando tudo e todos pretendo assistir, pelo menos, os filmes do mestre Hayao Miyazaki, por favor, quem conhecer outros diretores e animes deixem aqui no comentário, para que eu possa cada vez mais conhecer esses filmes!

Vamos à história: o filme conta mais um caso do ladrão Lupin III, um famoso ladrão que muito me arremeteu a Robin Hood e James Bond. Ele e seu fiel amigo, Jigen, descobrem que todo o dinheiro que acabam de roubar de um cassino é falso, então resolvem partir em busca do falsificador do dinheiro e acabam descobrindo mais que uma simples falsificação de notas. Eles descobrem que o dinheiro vem de um distante e pequeno país, Cagliostro. No caminho, eles encontram uma noiva em fuga, sendo seguida por capangas de alguém muito poderoso, Lupin Prontamente vai em proteção à indefesa noiva em fuga, Clarice. Ela acaba sendo pega pelos caras e levada para o castelo e trancada na torre, onde somente o duque, seu noivo e de quem ela estava fugindo, pode entrar.
Ela não quer casar com o duque pois ele pretende unir a linhagem das duas famílias e se tornar um homem muito poderoso, pois Clarice tem em sua posse o anel "mágico" que muito interessa ao conde. Lupin acaba deixando em segundo plano todo o esquema do dinheiro falso e tenta de qualquer jeito libertar e ajudar Clarice e para isso ele usa todos seus artifícios e disfarces, sendo ele dono de uma habilidade única de se safar de enrascadas.

Lupin tem em seu calcanhar Zenigata, o inspetor da Interpol, que está doido para prendê-lo desde muito tempo, acaba que os dois se unem para enfrentar o conde, que não só falsifica dinheiro do Japão como é o maior falsificador do mundo, tendo no subsolo do castelo várias máquinas e milhares de notas falsificadas (que logo logo Lupin vai dar um fim nelas). Outra pessoa que se une à Lupin é Fujiko, uma bela ladra, conhecida de Lupin desde outros roubos, uma mulher camaleônica que ostenta sempre armas para efetivar seus objetivos.
Talvez o único ponto negativo do filme seja que Lupin sempre se dá bem, às vezes força uma barra, mas não é nada que estrague o filme, acaba lembrando um pouco Indiana Jones. Já os pontos positivos são vários, a cena da estrada quando eles ajudam Clarice que está fugindo dos capangas do conde é considerada clássica e uma das melhores cenas do filme. O personagem de Lupin é interessante, pois ele é muito esperto e perspicaz, está sempre com um novo disfarce para se livrar de todas as armações que ele entra.
Quanto ao diretor não tem nem muito o que se falar, é simplesmente um dos melhores e mais famosos de todo o mundo em relação a animação japonesa. É o criador de mundo fantásticos como A viagem de Chihiro, Princesa Mononoke, O castelo animado e do mais novo Ponyo - uma amizade que veio do mar. Princesa Mononoke foi durante muitos anos o filme de maior bilheteria do Japão, perdendo somente o título com a estréia de Titanic. Em 2003 ganhou o Oscar de Animação e o Urso de Ouro do Festival de Berlim por Viagem de Chihiro (impressionantemente fantástico) e em 2005 recebeu outra indicação ao Oscar de Animação pelo Castelo Animado, mais um sucesso de bilheteria de sua carreira.

Não deixem de conferir!

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Coraline o e Mundo Secreto (Coraline, 2009)

Diretor: Henry Selick
Roteiro: Henry Selick, baseado em história de Neil Gaiman
Elenco: Dakota Fanning (voz), Teri Hatcher (voz), Keith David (voz), Jennifer Saunders (voz)


Mais um longa inspirado nos quadrinhos de Neil Gaiman chegou as telonas ano passado, depois do moderado sucesso de "Stardust" seria óbvio que mais uma das suas histórias chegaria ao cinema e a escolhida da vez foi "Coraline", uma novela de fantasia e horror que ele lançou em 2002 e ganhadora de diversos premios, mas para passar do papel para a celulóide acharam que a história ficaria ainda mais fantástica se fosse em stop motion, o que eu achei uma idéia ótima já que o filme ganha muito visualmente falando, nessa técnica que fora usada pelo próprio Henry Selick em dois de seus filmes mais famosos, "O estranho mundo de Jack" de 1993 e "James e o pessego gigante" de 1996, ambos produzidos pelo master genio Tim Burton, que também co-escreveu o roteiro de "O estranho..." com Michael McDowell. A história de Coraline e o Mundo Secreto (não entendo a fixação por subtítulos que essas distribuidoras tem no Brasil) trata de uma menininha que entediada em sua nova casa descobre uma porta que dá acesso a um novo mundo de fantasia e de muitos perigos também!


A personagem principal é daquelas garotinhas pentelhas que qualquer um tem em sua família, o que a torna crível e de facil identificação, se no começo do filme voce a acha chatinha e tagarela, no final voce ja esta a amando e torcendo para que ela seja feliz ao lado de seus pais, que são pessoas que só pensam em trabalho e ficam o dia todo enfurnados em escritórios escrevendo artigos para jardinagem para uma revista a qual a mãe de Coraline é redatora, mas a incoerencia é que nenhum deles estão muito a fim de ajudar a garotinha no jardim da nova casa, o que faz com que ela acabe encontrando a companhia de Wybie, um garotinho tão falante como ela, mas cheio de medos, principalmente de entrar na casa de Coraline por ouvir histórias assustadores de sua avó que já morou onde hoje mora Coraline e sua família. Em uma noite, Coraline descobre uma passagem para um outro mundo onde ela tem uma "outra mãe" e um "outro pai" que são fisicamente iguais aos seus, exceto pelos botões nos olhos e pela alegria de te-la por perto, ela acaba fascinada pelos seus "novos pais", mas descobre um comportamento estranho na sua "nova mãe", na verdade ela só quer comer seus olhos e seu corpo, assim como fez com outras tres crianças, em algumas cenas meio assustadores para crianças, como na transformação dela em um mostro parecido com uma aranha meio horripilante!


Essa outra mãe acaba raptando os pais de Coraline e fazendo uma aposta com ela, se Coraline achasse os tres olhos referente às tres crianças ela soltaria seus pais, do contrário Coraline ficaria presa para sempre com essa mulher. Claro que já sabemos o final né, Coraline derrota a monstra com a ajuda de um falante gato preto e fica feliz para sempre com seus pais!

Em algumas cenas achei o filme meio arrastado, com algumas cenas bem longas, mas não tira a beleza e a magia do filme, não vai ficar na memória como "A noiva Cadaver" do Tim Burton e nem como "O estranho mundo de Jack" do próprio Selick, mas é uma história interessante que merece ser vista, recomendo a quem gosta de animação e ainda mais de stop motion!

domingo, 11 de julho de 2010

Quincas Berro d'água, 2010

Diretor: Sergio Machado
Roteiro: Sérgio Machado, baseado em livro de Jorge Amado
Elenco: Paulo José,
Mariana Ximenes, Marieta Severo, Vladimir Brichta

Trinta e cinco anos após o estrondoso sucesso de Dona Flor e Seus Dois Maridos, chega aos cinemas mais uma adaptação de Jorge Amado: Quincas Berro D'Água. O longa, dirigido por Sérgio Machado (Cidade Baixa), reside em uma humorada adaptação do livro A Morte e a Morte de Quincas Berro D'Água, importante título da literatura brasileira que conta a história de um boêmio que morre no dia de seu aniversário de setenta e dois anos e, durante seu velório, seus amigos pegam seu corpo para farrear pela última vez nas ruas de Salvador. A morte em Quincas..., o evento que faz a história acontecer, é tratada de forma leve e natural, encarando a comicidade e o luto lado a lado, sem tempo para chororô. Os amigos de Quincas, interpretados por atores afiadíssimos, não têm a menor cerimônia ao lidar com o corpo do finado amigo. Brincam, acendem cigarro na vela do caixão e dão cachaça, para, por fim, levarem-no para um último passeio, para a ira da família do defunto.

Ambientado na Bahia da década de 50, o filme é construído a partir da narração em off de Quincas, que já está morto, e dos flashbacks que aparecem a partir das memórias dos amigos e familiares do personagem principal e vão se alternando com o tempo presente. Essa maneira de narrar a história – voz em off e flashbacks - dá força ao filme e nos passa a impressão de Quincas estar sempre presente, não apenas sendo um corpo morto, assim gerando uma simpatia para com o personagem.



Por trás de toda a história do filme, pode-se notar o conflito de classes (“classe média” e o “povo”) ao mostrar a vida – a partir da morte – de Quincas, ex-funcionário público que abandona a medíocre vida burguesa para viver com uma classe mais espontânea, no meio de bêbados e prostitutas, beber e se divertir. O longa gira ainda em torno da vergonha que a família de Quincas tem de abalar seu status social caso as pessoas descubram que o chefe da família havia abandonado seu lar para viver de maneira simplória, com uma classe mais baixa, pelas ladeiras de Salvador e suprindo um amor por uma dona de bordel. Sua ex-mulher é uma mulher chata, amarga; sua filha, uma pessoa pedante, mesquinha – que mais tarde se mostrará de outra forma, livre de toda hipocrisia -; e seu genro, um burocrata arrogante – que também se revelará mais tarde sem todo esse fingimento com o qual a classe é retratada ao dormir com um travesti. Vemos a evolução da personagem vivida por Mariana Ximenes a partir da identificação com esse novo modo de vida que seu pai adotara e o afastamento de suas raízes burguesas até tornar-se uma mulher voluptuosa.

A partir desse contato com o mundo do pai, não só a personalidade mudou, mas também sua forma de ver o mundo. Ela vai em um terreiro, conversa com uma mãe de santo e se abre a um novo caminho. Enquanto a burguesia se concentrava no moralismo cristão/católico, as pessoas mais pobres – claramente, representada por um grande número de negros-, viviam um maior sincretismo religioso e tinham uma maior ligação com as religiões afrobrasileiras. É, de maneira resumida, a procura pelo o que lhe convém e quando lhe convém, e é uma coisa bastante comum na cultura brasileira. Precisa de um padre vai na igreja; Precisa de uma mãe de santo, vai no terreiro.



Longe da qualidade e do sucesso do filme de Bruno Barreto, que levou doze milhões de brasileiros ao cinema, Quincas... tem o seu valor. O filme retrata a Bahia de Jorge Amado de maneira bonita e interessante, sem usar uma fotografia carnavalesca e conta com bons atores, como Paulo José e sua originalíssima narração em off, Marieta Severo e Luís Miranda; além de boas interpretações do resto do elenco, bons efeitos e criatividade. Por mais que em alguns momentos o humor apele para um lado bobo, óbvio e pouco inteligente, é um bom filme de caráter assumidamente popular e pode ser considerado acima da média do que o Brasil tem costumado fazer ultimamente quando se trata de um filme comercial, ainda que não tenha conseguido ir muito longe atingindo apenas pouco mais de duzentos mil espectadores. A trilha de Quincas..., composta por Beto Villares, é boa e conta com um leimotif bastante significativo. Provavelmente, daqui a três décadas, o filme será apenas mais um lançado nessa nova década que começa, não terá uma Dona Flor ou um Vadinho que serão lembrados eternamente no cinema brasileiro, mas digamos que, hoje, ele tenha seu valor.


Texto escrito por nosso amigo Sérgio Júnior, estudante de cinema da UFF

Editado por mim