terça-feira, 15 de junho de 2010

Filme + Livro

Sua Resposta Vale um Bilhão (Q & A, 2005)


O livro Sua Resposta Vale um Bilhão de Vikas Swarup foi transformado em filme no ano de 2008 pelo compente Danny Boyle, mas o filme fica para daqui a pouco, agora é hora do livro. No original, Jamal Malik é Ram Mohammad Thomas, um pobre garoto que está preso por ter ganho um bilhão de rúpias em um famoso programa de televisão, como o programa é gravado e não ao vivo (ao contrário do filme) ninguem ainda sabe de seu feito. Depois de sofrer com a tortura dos policiais, ele é levado por sua advogada para sua casa e é daí que toda a história começa (no filme, ele conta tudo para o delegado na própria delegacia). Quem já leu um livro e depois viu sua adaptação sempre fica chocado com a mudança em muitas coisas da história, e com esse não podia ser diferente, não é que o filme é completamente diferente do livro, simplesmete é um resumo mal contado do livro, não que isso torne o filme ruim (muito pelo contrário, eu amo o filme!) simplesmete é diferente. O livro é dividido em 14 capítulos, o prólogo e epílogo e 12 perguntas (o filme tem menos perguntas), todos sabem que em cada pergunta ele conta a história de como sabe a resposta, por exemplo, a primeira pergunta do livro é o famoso ator de Bollywood Armaan Ali e no filme a segunda pergunta é sobre o tão famoso ator bollywoodiano Amitabh Bachchan.
O Ram assim como no filme, é um garoto muito responsável e trabalhador, que se presta a tudo para ajudar as pessoas a sua volta, principalmente Salim, Shankar, Gudiya e Nita. Salim é seu primeiro amigo, órfão que nem ele. Os dois se conhecem no Abrigo Juvenil (que muito se parece com o abrigo do filme, em que as crianças são obrigadas a esmolar para o patrão), mas ao contrário do filme, Salim não é uma má pessoa, ele é um garoto tão bom quanto o Ram, mas ele só pensa em cinema e se tornar famoso, outra diferença em relação ao filme também é que Ram e Salim além de não serem irmãos, passam boa parte da história separados também.
No livro, Gudiya e Nita se personificam no filme como Latika. Ram conhece Gudiya ainda no chawl (cortiço), cria-se um laço de amizade muito grande entre eles, ela vira uma irmã para o Ram, até que um dia o pai dela está bêbado, tenta estuprá-la e Ram acaba matando-o, para fugir logo em seguida. Ficam uma década sem se ver, até que ele descobre que ela é a sua advogada. E Nita é a paixão de sua vida, uma prostituta que ele se apaixona, perde a virgindade e faz de tudo para ficar com ela. Do começo até a metade do filme, Latika parece mais Gudiya e a partir da metado pro final do filme, parece mais com Nita.
O livro é facinante, infelizmente capítulos maravilhosos como o de Neelima Kumari, a atriz decadente e Ahmed Khan, o assassino profissional, não foram introduzidos no filme, mas o filme ficou ótimo!


Quem quer ser um milionário? (Slumdog Millionaire, 2008)


Direção: Danny Boyle
Elenco: Dev Patel, Freida Pinto, Madhur Mittal, Anil Kapoor, Feroz Abbas Khan
Roteiro: Simon Beaufoy, baseado em livro de Vikas Swarup

Danny Boyle nunca me decepcionou, ele fez 2 dos melhores filmes da minha vida: Trainspotting e Extermínio, além de ter dirigido maravilhas como Cova Rasa e Sunshine. Mesmo já tendo feito tantos filmes bons, ele vai e faz mais uma obra-prima, o filme é a cara do livro (óbvio), com algumas modificações, talvez para dar mais agilidade à história, afinal é um filme, ele fez uma ótima adaptação. Alguns personagens ficaram de fora e outros são apenas citados, mas no final você nem sente tanta falta, porque o ritmo do filme, as músicas, fotografia, tudo faz parte de um concerto muito bem orquestrado pelo Danny Boyle.
O filme tem a agilidade já característica dos filmes do Danny Boyle e já começa com o impacto da morte da mãe de Jamal e Salim (no original, o livro, eles não são irmãos, são amigos e órfãos). No ataque aos muçulmanos, que leva ao assassinato da mãe deles, eles conhecem Latika e os três vivem uma história de amor e ódio, culminando em Salim obrigando Latika a passar uma noite com ele, já que ele é o irmão mais velho. Religião é um tema muito recorrente no livro, principalmente em uma crítica à igreja católica. Ram é abandonado por sua mãe na porta de uma igreja, ele acaba adotado pelo padre da paróquia, uma pessoa muito íntegra (à quem Ram tem como pai), quando Ram já está crescido, outro padre é demandado para essa igreja para ajudar. Ram descobre pedofilia e uso de drogas culminando na morte dos 2 padres. Outro tema que aparece com uma certa frequência é estupro e pedofilia, para quem achou o filme muito forte, nem leia o livro, pois o livro é muito mais voltado à pobreza, com descrição da condição sub-humana em que vivem as pessoas nas favelas de Mumbai.
O fim do filme é uma grande homenagem aos filmes de Bollywood, um pequeno musical, com direito a dança e final romântico dos protagonistas, falando em Bollywood, o livro cita muitos filmes indianos e atores e atriz reais da Índia entram e saem das histórias frequentemente, o personagem de Salim no livro é um grande fã de cinema e é com ele que Vikas Swarup presta sua homenagem aos filmes indianos.
Slumdog Millionaire foi uma das maiores surpresas no Oscar para mim, nunca que eu imaginava que um filme do Danny Boyle quase que indiano iria participar e ganhar 8 prêmios, deixando Benjamim Button (David Fincher, foda!) comendendo somente 3 prêmios técnicos. Obs.: Cavaleiro das Trevas, Kate Winslet e o maravilhoso O Leitor, Slumdog Millionaire, Benjamim Button, Penelope Cruz e Vicky Cristina Barcelona, Wall-e e Sean Penn com Milk, protagonizaram um dos melhores anos do Oscar.
Os atores principais, Dev Patel que interpreta Ram e Freida Pinto, que faz a Latika, já estão ganhando o mundo, o primeiro está em O último mestre do ar de M. Night Shyamalan (torcendo para Shyamalan voltar aos velhos tempos de Sexto Sentido e Sinais) e a Freida Pinto está confirmado (até onde se sabe...) como a nova bondgirl.

8 comentários:

Saulo S. disse...

O filme realmente é incrível, mas não li o livro, sei que tem muitas diferenças, mas assim que der quero ler também!

Irmão, que tal fazer o mesmo com O leitor e Foi apenas um sonho? Ja que tem os livros e os filmes aqui em casa heim? ficadica

Vitor Silos disse...

é verdade!o leitor eu já li, agora falta Foi apenas um sonho!e vc deixa de ser preguiçoso e atualiza isso aqui tb!vagabundo!

Saulo S. disse...

olha a agressividade pública heim! vai levar umas porradas isso sim!

Wendel Wonka disse...

Caralho, chamando o outro de vagabundo assim na cara! AHHAHAHHAHAH

Assisti ao filme na pré-estréia em Botafogo um dia antes do Oscar! E concordo, foi um dos melhroes anos do Oscar na minha opnião! Talvez pq eu vi 80% dos concorrentes! :P Enfim, um ótimo filme q mereceu todos os carecas dourados q ganhou!

Quanto ao livro, eu tenho, mas ainda não li. Continuo travado n'As Duas Torres do Tolkien

Ano passado fizemos um especial no Cinema de Buteco com adaptações Livro > Cinema! Lembro q eu reli o Laranja Mecânica só pelo especial! ^^

Ó o link: http://www.cinemadebuteco.com/2009/06/assunto-da-vez-adaptacoes.html

Roberto Simões disse...

A cena dos créditos finais, que tantos repudiam e consideram ridícula, não é senão o espelho de todo o espírito do filme: descontraído, divertido e cheio de vida. Populista, à la Bollywood. Por tudo isto, Slumdog Millionaire tem o candor de nos fazer sonhar a vida como uma celebração. Basta deixarmo-nos levar. E como sabe bem, de vez em quando, não levarmos as coisas demasiado a sério.

Cumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «

DiogoF. disse...

Nota: Não li o livro.

Um filme que odeio com imensa força. Não obstante concordar e praticar o lema de "sabe bem, de vez em quando, não levarmos as coisas demasiado a sério" (citando Roberto F.A. Simões), considero o Slumdog um filme totalmente previsível, incrivelmente enjoativo (contribuindo a péssima banda sonora - não consigo mesmo ouvir aquilo) e irritantemente pop-melodramático. Safa-se o jogo de cores.

Parabéns pelo blog ;)

Diogo Figueira, "A Gente Não Vê".

Vitor Silos disse...

Obrigado Roberto e Diogo pelos comentários!
Bom, como meu texto sugere, eu amei esse filme, logo discordo da sua opinião Diogo, mas gosto é assim mesmo.
Novamente agradeço pelos comentários e voltem sempre!

Bruno Cunha disse...

Até sabe bem não levar as coisas a sério, de vez em quando, mas já não gosto muito do filme como gostava quando o vi pela primeira vez e odeio a cena final da dança mesmo que reflecte um pouco o espírito do filme.

Abraço
Cinema as my World