sábado, 17 de abril de 2010

A pessoa é para o que nasce (2003)


Diretor: Roberto Berliner
Roteiro: Maurício Lissovsky

Elenco: Maria Barbosa, Regina, Conceição e Gilberto Gil


Creio eu que cada um na vida tem um dom, seja cantando, cozinhando ou dirigindo um filme, alguns recebem seu devido reconhecimento mas há aquelas pessoas que posso dizer que são geniais mas acabam sendo mais um rosto na multidão. Quem poderia imaginar que três irmãs de Campina Grande, interior da Paraíba, cantoras, pobres, pedintes e ainda por cima cegas teriam suas vidas expostas em um documentário e o melhor, modificar a de quem assistiu essa pérola.

Para ser franco, sempre tive um certo preconceito com documentários, nunca fui muito fã. Porém a história de vida dessas senhoras é tão interessante, que com certeza, qualquer um que assiste fica com vontade de conhecer essas mulheres tão fortes e tão fragilizadas pela vida difícil que tiveram. No final você se sente íntimo de Maroca, Poroca e Indiara, os respectivos apelidos de Maria, Regina e Conceição.

O filme acompanha a rotina das Ceguinhas de Campina Grande, como são chamadas na cidade, e de quem faz parte de suas vidas, como Dalva (filha de Maria), d. Didi (que cuida das três) e outros às suas voltas. Maria, "a chefe" das irmãs, é a mais falante e namoradeira, diga-se de passagem, por isso seu passado e suas histórias são as mais expostas, como a morte de seu segundo marido pelo seu próprio irmão, a posse da filha que estava com uma tia, até sua rápida paixão pelo diretor do filme (!).


Por volta de uns seis anos em que suas vidas são documentadas, elas se veem as voltas de momentos de pura felicidade como a participação em um festival internacional de percursionistas em Salvador e São Paulo no ano de 2000, o PERCPAN, onde elas conhecem Gilberto Gil, até a volta às ruas para pedir dinheiro em um dos momentos mais angustiantes do filme onde elas contam as humilhações que sofrem por serem cegas e pedintes. E assim, pouco a pouco suas vidas vão se transformando e sendo delineadas brilhantemente graças a uma direção impecável de seu idealizador. É um filme simples, porém belo, que nos tem muito a dizer e mostrar que mesmo perante as adversidades que a vida nos impõem temos nosso direito de vencer e ter nosso devido reconhecimento. Recomendo a todos a assistir esse filme de mente e corações abertos!

2 comentários:

Ju Lugarinho disse...

Deu vontade de ver, mesmo eu também não gostando muito de documentários...
Só pra constar, o roteirista, Maurício Lissovsky, é professor na ECO da UFRJ, pessoas de lá, procurem por ele ^^

Saulo S. disse...

Pois é Juliana, veja mesmo, é um excelente documentário! E to começando a acabar com meu preconceito com documentários! heheh