quarta-feira, 18 de agosto de 2010

A malvada (All about Eve, 1950)


Direção: Joseph L. Mankiewicz
Roteiro: Joseph L. Mankiewicz
Elenco: Bette Davis, Anne Baxter, George Sanders, Celeste Holm, Gary Merrill, Hugh Marlowe, Gregory Ratoff, Barbara Bates, Marilyn Monroe, Thelma Ritter.


All about Eve tem um dos piores títulos nacionais que se tem notícia, uma grande injustiça para um dos melhores filmes de que se tem notícia. Olhando o cartaz ao lado e sabendo da fama de má que Bette Davis possuia, se entende que a malvada do título seja ela, um grande equívoco de quem nunca viu essa pérola, a malvada aqui é justamente Eve (Anne Baxter).
Eve Harrington é uma garota pobre, fã número 1 de uma das maiores estrelas da Broadway, Margo Channing (Bette Davis). Ela acompanha a carreira de Margo de perto todos os dias, até que um dia ela é apresentada à seu ídolo por Karen Richards (Celeste Holm) e consegue encantar a todos com seu charme juvenil e sua triste história. Aos poucos ela vai ganhando a confiança de todos e consegue o emprego de assistente, uma espécie de faz-tudo, de Margo. Quando ela consegue finalmente estabelecer um laço de amizade e companheirismo com Margo, mais que depressa ela põe seu plano em prática, tomar o lugar dela nos teatros, para assim se tornar a maior atriz da época, nem que seja roubando seu marido e mentindo para todos.
Margo é um retrato de uma grande atriz, imponente, dona de sua carreira, fala o quer, bebe o que quer, chegando a magoar às vezes as pessoas. Eve é apresentada como uma indefesa jovem, que tem o simples sonho de conhecer sua estrela, aos poucos ela vai se mostrando uma mulher má, rancorosa, mas que nunca deixa de perder a cara de inocente.

Rodeando esse confronto temos Bill Sampson (Gary Merrill), namorado de Margo, Karen Richards (Celeste Holm), sua melhor amiga, Lloyd Richards (Hugh Marlowe), marido de Karen e roteirista das peças de teatro, Addison De Witt (George Sanders), um sórdido jornalista e Max Fabian (Gregory Ratoff), o produtor.
Eve consegue ser a substituta de Margo em uma peça de sucesso, e com a improvável ajuda de Karen (que logo depois se arrepende) atua em seu lugar em uma noite e é um grande sucesso, deixando Margo possessa e aumentando seu nível de histeria. Ao lado de Eve, fica somente Addison, ávido por uma matéria sensacionalista em sua coluna em um jornal e que aos poucos descobre seu real passado e o uso contra ela mesma. O filme começa com a noite de premiação Sarah Siddons de melhor atriz de teatro e por meio de narração em off o filme se desenvolve, culminado com a premiação de Eve como melhor atriz, no final do filme. Porém ela não tem do que festejar, pois acaba sozinha. As personagens são brilhantemente apresentadas ao público e o roteiro sem cair em pieguices e no lugar comum desfia cada característicadas personagens aos poucos, fazendo com que torçamos para uma ou para outra, sendo que não há lugar para a vilã e a boazinha, resta ao público fazer o seu julgamento.
Esse mesmo tema de relacionamento entre ídolo e fã foi brilhantemente homenageado no filme "Tudo sobre minha mão" (inspirado até no título All about Eve) em 2002 pelo espanhol Almodovar, sendo a personagem Huma Rojo (Marisa Paredes) inspirada na Margo Channings, inclusive repetindo algumas de suas falas.

O filme foi um dos mais indicados ao Oscar, juntamente com Titanic e Ben-Hur obteve 14 indicações e foi ganhador de 6 estatuetas. Ganhou ainda dois prêmios em Cannes, o de melhor atriz para Bette Davis e o prêmio do júri para o diretor Joseph L. Mankiewicz. Inclusive é lembrado como uma das primeiras produções em que Marilyn Monroe participou, tendo um pequeno papel.
Uma verdadeira obra-prima.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Zumbilândia (Zombieland, 2009)


Direção: Ruben Fleischer
Roteiro: Rhett Reese e Paul Wernick
Elenco: Woody Harrelson, Jesse Eisenberg, Emma Stone, Abigail Breslin.

Num futuro não muito distante, um vírus acidentalmente foi exposto, vírus variante do mal da vaca louca, que acabou dizimando toda a população do planeta e transformando-os em zumbis. Os poucos que sobraram têm que lutar para não serem comidos, literalmente. Até aí essa sinopse é a mesma de infinitos filmes de zumbis. O diferencial: esse é o trash mais engraçado, mais divertido e com mais dinheiro que todos os outros. É até um pecado colocar trash e dinheiro na mesma linha, mas eu não vejo outro objetivo para esse filme. Um ótimo trash.
O filme começa nos apresentando Columbus (Jesse Eisenberg), um nerd, virgem, que sua única "paixão" virou zumbi e tentou comê-lo. Para sobreviver ele criou algumas leis básicas, como: ter cuidado com o banheiro, se alongar antes de possíveis perigos, atirar sempre 2 vezes e etc. Em sua caminhada até Columbus, a cidade, ele conhece Tallahassee (Woody Harrelson, um uma interpretação inspiradíssima, lembrando até o personagem de Assassinos por Natureza), um sujeito que se considera o melhor matador de zumbis do mundo e fanático por doce. Os dois se completam, pois Columbus é a personificação do sujeito previnido, porém frouxo (como o próprio Tallahassee diz) e Tallahassee, destemido, porém maluco.
Os dois acabam conhecendo duas irmãs, Wichita (Emma Stone) e a caçula Little Rock (Abigail Breslin, impressionante como ela cresceu!). Aos poucos eles vão conhecer a verdadeira face das 2 garotas, trambiqueiras, ladras e que fazem de tudo para fugir, nem que seja roubando o carro e armas dos dois três vezes.


Os quatro conseguem se adequar e se entender, e partem em busca de seus destinos, nem que seja a casa do Bill Murray, em uma das cenas mais engraçadas que já ví na vida!
O final do filme se passa em um parque de diversão. As irmãs novamente roubam o carro dos dois e fogem em direção ao parque de diversão, destino inicial das duas. Columbus, por estar apaixonado por Wichita e Tallahassee saem em busca das duas. Nada mais clichê que um parque de diversão macabro, cheio de zumbis, mas é aí que o filme ganha, sendo recheado de clichês e a dismistificação dos mesmos.
Fiquei muito surpreso ao ver o filme, não achava que fosse encontrar algo tão divertido, as cenas de "terror" são ótimas, engraçadas, muito bem feitas e totalmente inspiradas em quadrinhos. É ótima ver que ainda existem diretores novatos que produzem coisas boas.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O outro lado da rua (2004)

Direção: Marcos Bernstein
Roteiro: Marcos Bernstein e Melanie Dimantas

Elenco: Fernanda Montenegro, Raul Cortez, Laura Cardoso, Luiz Carlos Persy



Uma senhora completamente entediada com a sua vida passa o dia vigiando o bairro onde mora, ela é um tipo de vigilante civil e sempre que ve algo que foge à lei não pensa duas vezes em intervir e ligar para a polícia, tanto que ela é conhecida pelos policiais pelo "serviço" prestado a comunidade e usa um codinome, Branca de Neve. Ela passa horas na janela com um binóculos olhando a rua, os vizinhos do prédio da frente, até que um dia ve algo que lhe chama atenção, uma senhora deitada numa cama e um homem preparando uma injeção que ele mesmo aplica na tal mulher, ela fica totalmente desconcertada com o que ve e liga para a polícia que vai até a casa do homem e descobre que a mulher esta morta, então, Regina decide investigar o caso pelas próprias mãos e o que descobre é muito mais que um simples caso de possível homicídio, ela descobre o amor, o que para ela é muito mais assustador que o próprio caso.
O filme nos mostra um romance entre duas pessoas bem mais velhas do que o cinema costuma retratar, mas não romantiza o fato de serem duas pessoas da terceira idade, muito pelo contrário, o casal é cheio de defeitos e contradições como qualquer outro ser humano, principalmente Regina, a personagem da maravilhosa Fernanda Montenegro, que no começo reluta um pouco contra seus sentimentos, mas acaba cedendo ao amor e se deixa levar por esse sentimento que já era tão distante de sua vida!



Há lindas cenas no filme como a da personagem em completa solidão dentro de sua casa e no meio da rua, derrepente uma rua cheia de gente e bastante movimentada como as ruas do bairro de Copacabana, onde o filme se passa, se transforma em um bairro vazio, quase que fantasma, sendo desse modo que Regina via sua vida, vazia, solitária e tudo isso muda a partir do momento em que ela conhece Camargo, interpretado pelo ótimo Raul Cortez, que faleceu no ano de 2006.

Há uma certa semelhança com o clássico "Janela Indiscreta" do Hitchcock, ambos os personagens, Jeff, interpretado pelo James Stewart e Regina interpretada pela Fernanda Montenegro são idosos e por isso a dificuldade das pessoas de acreditar em suas histórias, Jeff por sua vez esta entravado em uma cadeira de rodas por causa de uma perna quebrada e por falta do que fazer vasculha a vida de seus vizinhos do condomínio em que mora, já Regina não tem muitas ocupações em sua vida, apenas pegar o neto na escola e passear com a cachorrinha pela praia, o que faz com que ela passe bastante tempo ociosa, tempo que ela fica averiguando o que acontece na vizinhança com um binóculos.



É um filme intimista, quase silencioso, mas com um estilo diferente do que se costuma ver, há cenas onde apenas escutamos a voz da personagem e outras em que closes apenas captam as suas mãos, daí vem a delicadeza com que a história é retratada. Ainda somos presenteados com uma pequena participação de Laura Cardoso, uma das melhores atrizes do país, ao lado da própria Fernanda Montenegro que ganhou diversos prêmios com este filme, incluindo o Grande Premio Cinema Brasil
de melhor atriz e no Festival de Tribeca também ganhou o prêmio de melhor atriz!
Indico à todos!