quarta-feira, 23 de junho de 2010

Sede de Sangue (Bakjwi, 2009)


Diretor: Park Chan-wook
Roteiro: Jeong Seo-Gyeong e Park Chan-wook
Elenco: Song Kang-ho , Kim Ok-vin , Kim Hae-sook , Shin Ha-kyun e Park In-hwa.

O filme mais recente do diretor coreano de Old Boy é sobre vampiro. Veio à mente Crepúsculo? Então nunca veja esse filme ou qualquer filme do Park Chan-wook. Simplesmente são filmes que estão em extremos, esse aqui é ótimo, já Crepúsculo... Assim como a Trilogia da Vingança do Park, esse filme precisa de um tempo para mastigar, é estranho, é bizarro, porém muito bom! Quem já viu a Trilogia da Vingança sabe que violência, crueldade e uma pitada de humor negro fazem a cabeça do Park Chan-wook, imagina isso tudo misturando vampirismo, isso é Sede de Sangue!
Sang-hyeon (Song Kang-ho) é um padre que entra para um programa para experimentar uma novo tratamento contra a hanseníase, porém a experiência o deixa diferente. Como ele foi o único sobrevivente da experiência, as pessoas começam a vê-lo como santo, o que o deixa muito insatisfeito, e aos poucos ele começa a perceber no que ele está se transformando: em um vampiro. Para não matar ninguém ele começa a beber sangue de doentes em coma em hospitais e a roubar sangue em bancos de sangue. Porém ao conhecer e se apaixonar por Tae-joo (Kim Ok-vin) tudo muda. Ela começa a gostar de ter seu sangue sugado e faz com que ele a transforme em vampira, à partir daí tudo foge ao seu controle porque ela se mostra uma pessoa totalmente agressiva, violenta e sem pudor nenhum em matar para se alimentar. O ponto alto do filme se dá quando ela obriga o agora ex-padre a matar seu namorado para que ela fique livre e só assim poderem ficar juntos, porém isso desencadeia fatos que eles não esperavam e não estavam prontos para suportar como o coma da mãe do assassinado.

As cenas são fortes (principalmente quando ele não toma sangue e os sintomas da doença retornam) e impactantes, os efeitos usados são poucos e quase restringidos às cenas em que os personagens pulam sobre prédios e muros da cidade. A estética do diretor é marcada pelas cenas e sons de pescoços sendo quebrados e sangues sendo sugados, isso tudo adicionando sexo e fetichismo. Sexo é outro tema do filme, os vampiros de Park Chan-wook são muito carnais e ao contrário dos atuais filmes do gênero, esses aqui não tem nada de pudicos.
O final é surpreendente,
Sang-hyeon não sabe mais o que fazer para controlar o instinto animal de Tae-joo e decide pôr um fim definitivo com suas vidas. É lindo o final e consegue ser romântico. Atenção na cena da matança dentro de casa (futuro clássico).
É ótimo saber que ainda tem gente empenhada em fazer bons filmes de vampiro, assim como Deixa ela entrar (fantástico filme sueco de 2007 sobre uma menina vampira), Sede de Sangue nos diz que o gênero ainda tem salvação!
Sede de Sangue, ganhador do Prêmio do Júri no Festival de Cannes, é um filme para quem gosta de vampiros e violência, sem vampiros charmosos que encantam as mocinhas com o olhar ou vampiros bonzinhos que fazem os adolecentes chorar ao som de Paramore.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Não volver de novo!

Diário dos Mortos (Diary of the Dead, 2007)

Direção e roteiro: George A. Romero
Elenco: Michelle Morgan, Joshua Close, Shawn Roberts e Amy Ciupak Lalonde


Bom, o que falar desta bosta em forma de película? Que tudo é ruim? Que nada salva nesse filme? Ou que Romero ta se achando Uwe Boll? Acho que essa última hipótese se encaixa melhor, digo isso com muito pesar, muito mesmo!
Vamos à história, ou o que eu lembro dela, pois vi esse filme a dois dias e já me esqueci de quase tudo huhuhuhu
Esse filme é mais um daqueles que se passam em primeira pessoa e só veio a confirmar essa tendencia que no longínquo ano de 2007 era novidade com filmes como Rec (maravilhoso) e Cloverfield (muito bom), só que esse chegou não fazendo barulho algum e sendo renegado nas salas de cinema, vindo direto para vídeo, com todo merecimento porque é MUITO RUIM!
A história é o seguinte, alguns jovens (sempre eles) estão filmando um filme de terror com múmias e tudo mais no meio de uma floresta e se deparam com a notícia de que mortos estão voltando a vida e decidem ir embora, uns querem encontrar suas famílias outros querem apenas companhia já que não tem parente nem ninguém, incluindo o professor do pessoal, que tem as piores cenas do filme matando zumbis com arco e flexa (sim, arco e flexa, ele tem a chance de pegar uma arma para se defender mas prefere o arco e flexa). No meio do caminho encontram uma gangue que da refúgio a eles, militares que saqueiam todos os seus mantimentos, zumbis, muito zumbis, vão a casa de uma das meninas do grupo em vão, pois toda sua família se transformara em zumbis, até que la pelas tantas do filme vão a casa de um amigo, um casarão gigantesco onde vai se passar boa parte do filme, logo quando eles chegam nessa tal casa, o amigo se mostra muito estranho e todos percebem que ele foi mordido, só que ninguém faz nada quanto a isso! Vamos logo pro final dessa chatice, todos morrem e só a mocinha que perdeu toda a família e o professor se salvam trancados em um quarto do panico, fim. Dando margem a uma continuação, o que é muito triste pois Romero ja anunciou uma continuação pra essa bagaceira!


O que me deprime mais ainda nesse filme é o fato dele ter sido dirigido pelo grande mestre Romero, criador master de toda uma geração de filmes com mortos vivos cheios de críticas sociais com a trilogia clássica "A noite dos Mortos vivos" de 1968 (que ganhou um ótimo remake em 1990 feito pelo Tom Savini, criador dos efeitos especiais do mesmo filme do Romero), "Despertar dos mortos" de 1978 (que também ganhou um ótimo remake em 2004, Madrugada dos mortos), em 1985 veio "Dia dos Mortos" e por último, já em 2005 ele fez o razoável "Terra dos Mortos", fechando a sua quadrílogia dos mortos! Gosto muito de todos esses filmes citados, principalmente o de 68 e sua continuação de 1978, são grandes clássicos do horror que já ganharam infinitos remakes, continuações não autorizadas, em sua maioria filmes bem ruins que devem muito aos originais (menos o do Savini e do Zack Snyder que acho ótimos)!
Qualquer dia me animo pra escrever sobre a quadrílogia e seus dois remakes citados acima!
Bom, acabei falando demais do Romero e de menos do filme, mas tudo bem, o filme é uma porcaria mesmo e me lembrou demais as tranqueiras do Uwe Boll, triste saber que o genio Romero conseguiu pelo menos com esse filme se igualar com o dito pior cineasta do mundo!
Força ae Romero, ainda acredito em voce!

terça-feira, 15 de junho de 2010

Filme + Livro

Sua Resposta Vale um Bilhão (Q & A, 2005)


O livro Sua Resposta Vale um Bilhão de Vikas Swarup foi transformado em filme no ano de 2008 pelo compente Danny Boyle, mas o filme fica para daqui a pouco, agora é hora do livro. No original, Jamal Malik é Ram Mohammad Thomas, um pobre garoto que está preso por ter ganho um bilhão de rúpias em um famoso programa de televisão, como o programa é gravado e não ao vivo (ao contrário do filme) ninguem ainda sabe de seu feito. Depois de sofrer com a tortura dos policiais, ele é levado por sua advogada para sua casa e é daí que toda a história começa (no filme, ele conta tudo para o delegado na própria delegacia). Quem já leu um livro e depois viu sua adaptação sempre fica chocado com a mudança em muitas coisas da história, e com esse não podia ser diferente, não é que o filme é completamente diferente do livro, simplesmete é um resumo mal contado do livro, não que isso torne o filme ruim (muito pelo contrário, eu amo o filme!) simplesmete é diferente. O livro é dividido em 14 capítulos, o prólogo e epílogo e 12 perguntas (o filme tem menos perguntas), todos sabem que em cada pergunta ele conta a história de como sabe a resposta, por exemplo, a primeira pergunta do livro é o famoso ator de Bollywood Armaan Ali e no filme a segunda pergunta é sobre o tão famoso ator bollywoodiano Amitabh Bachchan.
O Ram assim como no filme, é um garoto muito responsável e trabalhador, que se presta a tudo para ajudar as pessoas a sua volta, principalmente Salim, Shankar, Gudiya e Nita. Salim é seu primeiro amigo, órfão que nem ele. Os dois se conhecem no Abrigo Juvenil (que muito se parece com o abrigo do filme, em que as crianças são obrigadas a esmolar para o patrão), mas ao contrário do filme, Salim não é uma má pessoa, ele é um garoto tão bom quanto o Ram, mas ele só pensa em cinema e se tornar famoso, outra diferença em relação ao filme também é que Ram e Salim além de não serem irmãos, passam boa parte da história separados também.
No livro, Gudiya e Nita se personificam no filme como Latika. Ram conhece Gudiya ainda no chawl (cortiço), cria-se um laço de amizade muito grande entre eles, ela vira uma irmã para o Ram, até que um dia o pai dela está bêbado, tenta estuprá-la e Ram acaba matando-o, para fugir logo em seguida. Ficam uma década sem se ver, até que ele descobre que ela é a sua advogada. E Nita é a paixão de sua vida, uma prostituta que ele se apaixona, perde a virgindade e faz de tudo para ficar com ela. Do começo até a metade do filme, Latika parece mais Gudiya e a partir da metado pro final do filme, parece mais com Nita.
O livro é facinante, infelizmente capítulos maravilhosos como o de Neelima Kumari, a atriz decadente e Ahmed Khan, o assassino profissional, não foram introduzidos no filme, mas o filme ficou ótimo!


Quem quer ser um milionário? (Slumdog Millionaire, 2008)


Direção: Danny Boyle
Elenco: Dev Patel, Freida Pinto, Madhur Mittal, Anil Kapoor, Feroz Abbas Khan
Roteiro: Simon Beaufoy, baseado em livro de Vikas Swarup

Danny Boyle nunca me decepcionou, ele fez 2 dos melhores filmes da minha vida: Trainspotting e Extermínio, além de ter dirigido maravilhas como Cova Rasa e Sunshine. Mesmo já tendo feito tantos filmes bons, ele vai e faz mais uma obra-prima, o filme é a cara do livro (óbvio), com algumas modificações, talvez para dar mais agilidade à história, afinal é um filme, ele fez uma ótima adaptação. Alguns personagens ficaram de fora e outros são apenas citados, mas no final você nem sente tanta falta, porque o ritmo do filme, as músicas, fotografia, tudo faz parte de um concerto muito bem orquestrado pelo Danny Boyle.
O filme tem a agilidade já característica dos filmes do Danny Boyle e já começa com o impacto da morte da mãe de Jamal e Salim (no original, o livro, eles não são irmãos, são amigos e órfãos). No ataque aos muçulmanos, que leva ao assassinato da mãe deles, eles conhecem Latika e os três vivem uma história de amor e ódio, culminando em Salim obrigando Latika a passar uma noite com ele, já que ele é o irmão mais velho. Religião é um tema muito recorrente no livro, principalmente em uma crítica à igreja católica. Ram é abandonado por sua mãe na porta de uma igreja, ele acaba adotado pelo padre da paróquia, uma pessoa muito íntegra (à quem Ram tem como pai), quando Ram já está crescido, outro padre é demandado para essa igreja para ajudar. Ram descobre pedofilia e uso de drogas culminando na morte dos 2 padres. Outro tema que aparece com uma certa frequência é estupro e pedofilia, para quem achou o filme muito forte, nem leia o livro, pois o livro é muito mais voltado à pobreza, com descrição da condição sub-humana em que vivem as pessoas nas favelas de Mumbai.
O fim do filme é uma grande homenagem aos filmes de Bollywood, um pequeno musical, com direito a dança e final romântico dos protagonistas, falando em Bollywood, o livro cita muitos filmes indianos e atores e atriz reais da Índia entram e saem das histórias frequentemente, o personagem de Salim no livro é um grande fã de cinema e é com ele que Vikas Swarup presta sua homenagem aos filmes indianos.
Slumdog Millionaire foi uma das maiores surpresas no Oscar para mim, nunca que eu imaginava que um filme do Danny Boyle quase que indiano iria participar e ganhar 8 prêmios, deixando Benjamim Button (David Fincher, foda!) comendendo somente 3 prêmios técnicos. Obs.: Cavaleiro das Trevas, Kate Winslet e o maravilhoso O Leitor, Slumdog Millionaire, Benjamim Button, Penelope Cruz e Vicky Cristina Barcelona, Wall-e e Sean Penn com Milk, protagonizaram um dos melhores anos do Oscar.
Os atores principais, Dev Patel que interpreta Ram e Freida Pinto, que faz a Latika, já estão ganhando o mundo, o primeiro está em O último mestre do ar de M. Night Shyamalan (torcendo para Shyamalan voltar aos velhos tempos de Sexto Sentido e Sinais) e a Freida Pinto está confirmado (até onde se sabe...) como a nova bondgirl.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Não volver de novo


Contatos de 4º grau ( The Fourth Kind, 2009)

Direção: Olatunde Osunsanmi
Elenco: Milla Jovovich, Will Patton, Hakeem Kae-Kazim, Corey Johnson, Elias Koteas
Roteiro: Olatunde Osunsanmi, baseado em história de Olatunde Osunsanmi e Terry Robbins

Antes de tudo: não caiam nesse baseado em fatos reais! Até A Bruxa de Blair soa mais "baseado em fatos reais" que esse aqui. A história é a seguinte, nos confins de uma cidade no Alasca, uma psicóloga (Abigail Tyler, vivida por Milla Jovovich) acorda simplesmente um dia com o marido sendo assassinado deitado na cama ao seu lado, anos se passaram e ninguem sabe quem o matou. Ela começa a investigar o desaparecimento de algumas pessoas e com isso utiliza hipnose nos seus paciente. O filme é todo entrecortado com as entrevistas da "verdadeira" Abigail pelo diretor do filme, é até interessante porém beira ao amadorismo, não dá pra convencer. As cenas das sessões de hipnose são mescladas com as gravadas com a Milla e com a "verdadeira" gravada pela "verdadeira" Abigail, as cenas são até legais com corpos flutuando e tudo, mas o filme é cheio de falhas, exemplo: nas cenas "reais" da hipnose, a filmagem fica cheio de chiado e não dá pra ver nada, mas as vozes são ouvidas muito bem e o hipnotizado fala com uma voz estranha na língua suméria (?), ok, dá um suspense até viável, mas se a câmera na hora da hipnose dá defeito, como que ela grava perfeitamente o som?! Isso seria
aceitável em uma ficção e não em uma gravação real. O filme até que tem uma história interessante sobre abdução, mas não dá pra convencer a entrevista "verdadeira" do diretor com uma Abigail que está na cara que não existe!



Infelizmente nem Milla Jovovich consegue salvar o filme, ela está artificial e nem chorar em cena ela faz direito. Ponto alto do filme: rola uma tensão nas horas da hipnose. PontoS ruinS do filme: muitos...

E com isso eu estreio a nossa coluna: Não volver de novo